domingo, 14 de setembro de 2008

Quem é verdadeiramente livre?

E de repente ele se percebeu. Notou que todos os dias ele encenava, vestia o figurino de seus próprios rótulos no seu cenário limitado. Logo ele que sempre foi elogiado pela sua personalidade única e pelo modo de expor seu ponto de vista e idéias. Achava que vivia em um país democrático e que era livre pra fazer o que desse vontade.
Decepcionou-se ao admitir para si que o que fazia era simplesmente 'dançar conforme a música'. Entendeu que o original é inexistente e que regras invisíveis prevalecem sobre sua autenticidade.
Logo ele que sempre foi moldado para ter sua personalidade única e o melhor modo de expor ponto de vista e idéias. Sabe que vive em um país forçadamente democrático e que faz o que é meramente aceitável.

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Enquete filosófica:

Quem tenta ser livre e fazer TUDO que dá vontade é:
a) Brega
b) Louco
c) Acaba na cadeia

domingo, 10 de agosto de 2008

História do Teorema

Hoje, meu dia foi muito cosseno. Passei a maior parte do tempo resolvendo meus problemas e coisas da minha conta.
Cheguei em casa, e até aí tudo 10. Logo depois, percebi que algo em minha trigonometria estava faltando: Cateto 1 e Cateto 2. Chamei com urgência meu amigo Seno, que se hospedara em minha residência. Ele estava no vértice dos fundos. "O que está acontecendo?", perguntei. E o Seno me respondeu que as crianças haviam fugido. A entrega dos boletins aconteceu pela manhã e eles estavam com medo do castigo.
Era só o que me faltava! Aquilo era um obtuso! Eles tinham que saber que comigo o triângulo é retângulo! Fui até a casa do Báskara (sabia que os meninos estariam com o avô) e trouxe-os de volta. Apliquei-lhes um teorema e mandei-os subir ao quadrado. Então, minha esposa apareceu. Por sorte, já era noite - não via a hora que aquilo tudo passasse e amanhã chegasse logo. Eu e Hipotenusa fomos imediatamente para o nosso quarto. Ela com seu ângulo agudo e eu com minha aresta passamos os melhores momentos do dia (Huum, e que momentos!).
Ah, desculpem minha má educação. Tenho mania de despejar meus problemas sem sequer me apresentar. Eu sou o Pitágoras, prazer.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Aqueles Dias

O moço canta de dentro daquela caixinha eletrônica enquanto a garota se olha no espelho. Tem dias que são assim: Ela nem se reconhece ao ver aquele reflexo.
Na sua sobrancelha, uns fios fora do lugar que não existiam no dia anterior. Assim como algumas acnes e seu mau-humor.
Tinha que se aprontar para sair dentro de instantes. Mas de repente, seu nariz era largo demais, suas pernas eram finas, seu cabelo não tomava jeito e nenhuma roupa lhe servia. Antes, a blusa que experimentou lhe caía bem, mas agora não mais.
Até abdicou do seu chocolate depois do almoço, entretanto, aquelas gordurinhas estrategicamente localizadas eram persistentes demais. Tão persistentes quanto a garota não era:
- Alô... Amiga?
- Oi?!
- Furou. Eu morguei.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ano Par

Sempre preferi os números ímpares. O 13, por exemplo, me persegue (não tenho o TOC de Zagallo!). Mas confesso que, se tratando de anos, os pares são encantadores.
Patriotismo estampado nas camisas, orgulho e fé resultando em toques de despertadores no meio da madrugada, minutos antes do jogo da seleção.
Copa do mundo ou Olimpíadas, o importante é torcer e ser otimista.
Em 2008, como ano par que é, não podia ser diferente. O Brasil se disfarça de melhor do mundo - em todos os sentidos. De repente, não há mais violência ou escândalos políticos. Ricos e pobres são igualmente brasileiros.
Ficamos todos verdes. Ficamos todos amarelos. E roucos.

好运,巴西 !

terça-feira, 29 de julho de 2008

Quitanda

Atualmente, o que representa para você a cultura brasileira? Para mim, uma quitanda.
Talvez soe estranho e contraditório pensar dessa forma, quando simultaneamente o país passa por uma inflação e o conseqüente aumento do preço da cesta básica. Mas ainda assim, culturalmente, o Brasil se veste de quitanda.
Temos melancias, melões, jacas e moranguinhos a partir de um simples toque no controle remoto - Pode apertar qualquer botão. São frutas grandes, fenotipicamente modificadas com tipos de agrotóxicos que inflam suas polpas. Dizem por aí que são as promessas da exportação nacional.
Comparando com algumas décadas passadas, temos a impressão de que nossa arte (sim, as frutas se dizem artistas) sofreu um retrocesso. O Brasil sempre foi um país meio agrícola mesmo. Não é de se estranhar que alguns filhos deste solo invista nesse setor primário.